O SÁBADO NO VELHO TESTAMENTO
I. A ORIGEM DO SÁBADO NA CRIAÇÃO
A doutrina do sábado tem sua origem nos primeiros capítulos da Bíblia, revelando não apenas um dia de descanso, mas um memorial perpétuo do Criador. Em Gênesis 2:1-3, lemos:
“Assim, pois, foram acabados os céus e a terra, e todo o seu exército. E havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que, como Criador, fizera.”
Esses versos revelam três atos divinos em relação ao sétimo dia:
Descanso – Deus cessou a atividade criativa, não por fadiga, mas para estabelecer um exemplo.
Bênção – O sétimo dia foi dotado de um favor especial divino.
Santificação – Separado e tornado sagrado.
É importante notar que esse evento ocorreu antes da queda do homem, ou seja, antes do pecado. Isso mostra que o sábado não foi introduzido como um tipo ou sombra (como muitos rituais que viriam depois), mas como uma parte integral da ordem criada.
Além disso, como Adão e Eva foram os representantes da raça humana, o sábado foi dado à humanidade, não apenas aos judeus. Jesus confirmou isso séculos depois ao dizer: “O sábado foi feito por causa do homem” (Marcos 2:27). A palavra grega usada aqui para “homem” é anthrōpos, referindo-se ao gênero humano, e não apenas a uma etnia específica.
Portanto, o sábado é tão universal quanto o casamento, que também foi instituído no Éden.
II. O SÁBADO NO ÊXODO
O livro do Êxodo oferece novos insights sobre a prática e o propósito do sábado. Antes mesmo de os Dez Mandamentos serem dados no Monte Sinai, vemos Deus testando a fidelidade de Israel quanto à observância sabática.
1. O Milagre do Maná – Êxodo 16
Quando o povo de Israel saiu do Egito e caminhava pelo deserto rumo ao Sinai, enfrentou fome. Deus proveu o maná, um pão do céu, com regras específicas:
Cairia seis dias por semana.
No sexto dia, uma porção dobrada.
No sétimo, nada cairia.
O povo devia guardar o maná da sexta para o sábado.
Esse evento é significativo por duas razões:
O sábado foi relembrado antes da entrega da Lei (Êxodo 20).
Deus exigiu obediência ao ciclo semanal e ao descanso sabático.
Deus declarou:
“Vede, visto que o Senhor vos deu o sábado, por isso ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias.” (Êxodo 16:29)
A expressão “vos deu o sábado” mostra que o sábado já existia e foi reafirmado.
2. Os Dez Mandamentos – Êxodo 20:8-11
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus...”
Alguns pontos fundamentais:
“Lembra-te” indica que já era conhecido.
O motivo do mandamento é a criação, não a libertação do Egito (diferente do Deuteronômio).
O sábado é declarado “do Senhor” — não do homem, não dos judeus, mas de Deus.
O quarto mandamento está no centro da Lei moral e é o único que menciona:
O nome do Legislador (Senhor).
Seu título (Criador).
Seu domínio (céus e terra).
Por isso, ele é muitas vezes chamado de “selo” de Deus.
III. O SÁBADO COMO SINAL ENTRE DEUS E SEU POVO
Em Êxodo 31:12-17, Deus declara que o sábado é um sinal perpétuo entre Ele e os filhos de Israel:
“É sinal entre mim e os filhos de Israel para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e tomou alento.”
O sábado é comparado a um selo de aliança. Assim como o arco-íris foi sinal da aliança com Noé, o sábado é o sinal de um povo separado e santificado por Deus.
Em Ezequiel 20:12, 20, lemos:
“Também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.”
O sábado aponta para a santificação, ou seja, o processo de separação do pecado e consagração a Deus.
É importante notar que a Bíblia nunca diz que o sábado foi dado somente aos judeus. Pelo contrário, ele é apresentado como sinal entre Deus e os que desejam ser santificados.
IV. O SÁBADO DURANTE O ÊXODO E NO DESERTO
Durante os 40 anos de peregrinação no deserto, o sábado foi parte integrante da vida religiosa e social de Israel.
1. Preparação
O sábado exigia preparação. Deus ordenou que o povo colhesse e cozinhasse o que fosse necessário na sexta-feira para que o sábado fosse completamente livre de atividades profanas (Êxodo 16:23-30).
2. Transgressão e Punição
Um episódio marcante está em Números 15:32-36, onde um homem é pego recolhendo lenha no sábado. O povo consulta a Deus, e Ele ordena a pena de morte.
Esse episódio revela que:
A guarda do sábado era uma questão séria diante de Deus.
Não era algo meramente cerimonial, mas moral e relacional.
V. O SÁBADO NOS PROFETAS
À medida que Israel se afastava de Deus, a guarda do sábado se tornava negligenciada. Os profetas constantemente chamavam o povo de volta à fidelidade, incluindo a observância correta do sábado.
1. Isaías 56:2-7 – Um Sábado Universal
“Bem-aventurado o homem que fizer isto... que guarda o sábado, não o profanando...”
Este texto inclui estrangeiros e eunucos, mostrando que o sábado não era exclusivo de Israel. Todos os que se unissem ao Senhor podiam guardar o sábado e seriam aceitos.
2. Isaías 58:13-14 – Delícia no Sábado
“Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia... então te deleitarás no Senhor...”
Aqui o sábado é exaltado como um prazer espiritual, um dia para se afastar dos interesses egoístas e se deleitar em Deus.
3. Jeremias 17:19-27 – A Bênção Condicionada
Jeremias exorta Jerusalém a guardar o sábado. Se o fizessem, a cidade seria poupada. Mas se o violassem, viriam destruição e juízo.
“Se diligentemente me ouvirdes... então entrarão pelas portas desta cidade reis... Mas, se não me ouvirdes... porei fogo às suas portas.”
4. Ezequiel 22:26 – O Sábado Profanado
O profeta denuncia os sacerdotes que:
“...os meus sábados profanam, e assim sou profanado no meio deles.”
Essa profanação do sábado está entre os pecados que levaram ao cativeiro babilônico. Deus considera a guarda do sábado um reflexo da reverência ao Seu nome.
O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO
Muitos cristãos pensam que o sábado foi abolido no Novo Testamento, substituído pelo domingo. Contudo, um exame cuidadoso das Escrituras revela que o sábado continuou sendo observado por Jesus, pelos apóstolos e pela igreja primitiva. Além disso, a doutrina do sábado está interligada à doutrina da criação, da redenção e do juízo, sendo uma verdade presente para o tempo do fim.
I. JESUS E O SÁBADO
1. O Exemplo de Jesus – Lucas 4:16
“Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou num sábado na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.”
Jesus tinha o costume de guardar o sábado. Isso demonstra que mesmo sendo o Filho de Deus, Ele não aboliu o mandamento, mas o cumpriu perfeitamente.
Jesus não só guardava o sábado, mas o fazia de forma reverente e consciente. Sua presença nas sinagogas e sua disposição de ensinar mostram que o sábado era um dia de ministério, cura e comunhão espiritual.
2. Senhor do Sábado – Mateus 12:1-12
“Porque o Filho do Homem é Senhor do sábado.” (Mateus 12:8)
Nesta passagem, Jesus responde aos fariseus que o acusaram de permitir que seus discípulos violassem o sábado por colherem espigas ao passarem pelos campos. Jesus então:
Cita o exemplo de Davi com os pães da proposição.
Lembra que os sacerdotes trabalham no templo aos sábados e não são condenados.
Declara que a misericórdia tem precedência sobre o ritualismo.
Ele não diz que o sábado foi abolido, mas sim que os homens haviam corrompido sua observância com regras humanas. Jesus restaura o verdadeiro espírito do sábado, declarando-se seu Senhor — o Legislador divino.
3. O Sábado Foi Feito para o Homem – Marcos 2:27-28
“O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.”
Jesus aqui reafirma a universalidade do sábado. Ele foi feito, ou seja, criado — não como um fardo legalista, mas como um presente divino para a humanidade. Se o sábado foi feito para o homem, e o homem ainda existe, então o sábado ainda tem valor.
II. OS APÓSTOLOS E O SÁBADO
Após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo, a igreja primitiva continua a guardar o sábado. O livro de Atos, que documenta o início da missão cristã, mostra que os discípulos mantinham o costume de se reunir no sétimo dia.
1. Atos 13:14, 42, 44
“E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.”
Paulo e Barnabé estavam em Antioquia da Pisídia. Quando pregaram no sábado, os gentios pediram que voltassem no sábado seguinte. Se o domingo já tivesse sido adotado, Paulo poderia tê-los convidado para o dia seguinte. Mas a reunião seguinte foi novamente no sábado.
2. Atos 16:13
“No sábado saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração...”
Paulo procurava um lugar de oração no sábado. Ele poderia orar qualquer dia, mas seu costume era se reunir especialmente no sábado, mesmo fora das sinagogas.
3. Atos 17:2
“E Paulo, segundo o seu costume, foi ter com eles; e por três sábados discutiu com eles as Escrituras...”
Novamente vemos Paulo seguindo o mesmo padrão de Jesus — guardar o sábado como dia de adoração e ensino.
4. Atos 18:4
“E todos os sábados disputava na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos.”
Paulo permanecia firme na prática sabática, e essa observância não era limitada aos judeus, pois ele ensinava também os gentios.
? Observação importante: Não há um só versículo em todo o livro de Atos que diga que os apóstolos se reuniam regularmente no domingo para adoração. As poucas menções ao “primeiro dia da semana” são relativas a eventos pontuais e não à substituição do sábado.
III. O SÁBADO PROFETIZADO PARA O FUTURO
1. Mateus 24:20
“Orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado.”
Aqui Jesus fala de uma fuga futura, ligada à destruição de Jerusalém (ano 70 d.C.). Ele espera que Seus seguidores ainda estejam considerando o sábado décadas após a cruz. Se o sábado fosse abolido com Sua morte, este alerta não faria sentido.
2. Hebreus 4:4-9 – Sabatismos
“Resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus.” (Hebreus 4:9)
O autor faz uma conexão entre:
O descanso de Deus na criação.
O descanso oferecido a Israel na Terra Prometida.
O descanso em Cristo.
O descanso futuro e eterno.
A palavra usada aqui para “repouso” é sabatismos, que significa literalmente “guarda do sábado”. O texto sugere que a observância sabática continua válida como símbolo do descanso final.
3. Isaías 66:22-23
“E será que de uma festa da lua nova à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.”
Esta profecia aponta para o novo céu e nova terra. Lá, todo o povo de Deus virá adorá-Lo de sábado em sábado. Se o sábado permanece na eternidade, por que teria sido abolido no tempo presente?
IV. SÁBADO vs DOMINGO – A VERDADE BÍBLICA
Há muita confusão sobre a substituição do sábado pelo domingo. No entanto, não existe nenhuma evidência bíblica de que Deus tenha transferido a santidade do sétimo dia para o primeiro.
1. A Ressurreição de Cristo
Sim, Jesus ressuscitou no domingo (Lucas 24:1), e esse evento foi grandioso. Mas a Bíblia não diz que, por isso, o domingo se tornou um novo dia santo. Os apóstolos nunca celebraram o domingo como substituto do sábado.
2. A Ceia do Senhor
Alguns citam Atos 20:7, onde se parte o pão no primeiro dia da semana. Mas:
Esse era um encontro noturno (verso 8).
O calendário hebraico considera o dia começando ao pôr do sol. Logo, esse evento ocorreu na noite de sábado para domingo.
Não há menção de que fosse uma celebração semanal.
3. A Coleta de Ofertas
Outro texto usado é 1 Coríntios 16:1-2. Mas Paulo está dizendo para que cada um separe em casa sua oferta no primeiro dia — não que eles estavam se reunindo para culto público.
4. A Confirmação da Lei
“Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” (Romanos 3:31)
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” (João 14:15)
Jesus nunca alterou os Dez Mandamentos. A ideia de que o domingo substituiu o sábado foi introduzida séculos depois pela tradição da igreja romana (veja Daniel 7:25 – “cuidará em mudar os tempos e a lei”).
A IMPORTÂNCIA DE GUARDAR O SÁBADO HOJE
Mesmo após a cruz, a observância do sábado permanece como uma doutrina viva, profética e profundamente espiritual. Guardar o sábado hoje não é um legalismo obsoleto, mas uma expressão concreta de amor a Deus, lealdade ao Criador, fé no Redentor e esperança no futuro eterno. O sábado está intrinsecamente ligado à identidade do povo remanescente no tempo do fim.
Vamos explorar os quatro pilares que tornam o sábado essencial ainda hoje:
1. O SÁBADO É PARTE DA LEI MORAL DE DEUS
Os Dez Mandamentos, dados por Deus em Êxodo 20, formam o coração da Lei moral. Diferente das leis cerimoniais (como os sacrifícios de animais e festas do templo), que prefiguravam Cristo e foram cumpridas em Sua morte, os Dez Mandamentos são universais, eternos e imutáveis, porque são o reflexo do próprio caráter divino.
a) Escrita com o dedo de Deus
Êxodo 31:18: “Deu a Moisés... as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.”
Somente os Dez Mandamentos foram escritos por Deus diretamente — um sinal de sua autoridade eterna.
b) Guardar o sábado é tão moral quanto não matar
Tiago 2:10-12 mostra que quebrar um mandamento é transgredir toda a Lei. Os Dez Mandamentos são um só corpo. Não podemos escolher quais obedecer.
c) Jesus guardou e ensinou a Lei
Mateus 5:17-19: “Não penseis que vim destruir a Lei...”
Jesus veio cumprir a Lei, ou seja, vivê-la perfeitamente.
d) A Lei Moral continua após a cruz
Romanos 3:31: “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Lei.”
Romanos 7:12: “A Lei é santa, justa e boa.”
A guarda do sábado, como parte da Lei moral, não foi abolida, mas sim confirmada por Cristo e pelos apóstolos.
2. O SÁBADO É UM SINAL DE SANTIFICAÇÃO
A palavra “santificar” significa “separar para um propósito santo”. O sábado é o sinal dado por Deus de que Ele está separando um povo para si — um povo santo, distinto do mundo.
a) Ezequiel 20:12
“Também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.”
O sábado não é apenas um dia de descanso, mas um sinal de relacionamento. Ele aponta para um povo que foi tirado do pecado, purificado e dedicado ao serviço divino.
b) Ezequiel 20:20
“Santificai os meus sábados; e servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor, vosso Deus.”
O sábado revela quem é nosso Deus. Quando o mundo inteiro se curva ao materialismo, egoísmo e secularismo, o sábado brilha como um testemunho de que existe um Deus Criador e Redentor.
c) Santificação é um processo espiritual
Assim como a justificação ocorre num momento, a santificação é progressiva.
A guarda semanal do sábado é uma ferramenta de Deus para nossa santificação contínua: um lembrete semanal de que pertencemos a Ele.
3. O SÁBADO É UMA BÊNÇÃO ESPIRITUAL E FÍSICA
Deus não criou o sábado como um fardo, mas como um presente precioso para a humanidade. Ele visa nossa restauração completa — espiritual, mental e física.
a) O sábado nos oferece descanso físico
Vivemos em um mundo hiperconectado, acelerado e esgotado.
O sábado é um “desligar sagrado” — onde nos afastamos da produção, do consumo e do ativismo.
b) O sábado nos oferece renovação espiritual
É um dia para reconectar-se com Deus, meditar nas Escrituras, orar, cantar, pregar e servir.
Isaías 58:13-14 promete bênçãos àqueles que se deleitam no sábado.
“Se desviares o teu pé do sábado... e o chamares deleitoso, e o santificares... então te deleitarás no Senhor.”
c) O sábado fortalece os laços familiares
É um tempo para adoração coletiva e doméstica.
Uma oportunidade para ensinar os filhos e cultivar o amor familiar com base em valores eternos.
d) O sábado é um escudo contra a idolatria moderna
Em vez de consumir, acumulando coisas e dinheiro, o sábado nos chama a descansar e confiar em Deus como Provedor.
É um antídoto contra o materialismo e o secularismo.
4. O SÁBADO É UM TESTE DE FIDELIDADE PROFÉTICO
Na profecia bíblica, o sábado aparece como um sinal de fidelidade a Deus nos momentos mais críticos da história da humanidade — especialmente no tempo do fim.
a) Apocalipse 14:12
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus.”
Este verso descreve o povo de Deus nos últimos dias. Eles guardam os mandamentos de Deus — incluindo o sábado — e têm a fé em Jesus.
b) Apocalipse 12:17
“Então o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao restante da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus...”
A última batalha espiritual envolve lealdade à Lei de Deus. O sábado será a linha divisória entre os que seguem o Deus Criador e os que seguem as tradições humanas.
c) Apocalipse 13 e 14 – A marca da besta e o selo de Deus
O selo de Deus está relacionado à Lei de Deus (Isaías 8:16).
O único mandamento que contém o nome, título e jurisdição de Deus é o quarto mandamento (Êxodo 20:8-11).
O conflito final será entre os que aceitam o selo de Deus (sábado) e os que aceitam a marca da besta (autoridade humana que muda a lei de Deus).
PROVA CONCRETA DO SÁBADO NOS MANDAMENTOS NO NOVO TESTAMENTO
Um dos principais argumentos contrários à guarda do sábado hoje é que os Dez Mandamentos, ou ao menos o quarto mandamento, teriam sido abolidos ou substituídos pela “lei do amor” ou pela “graça”. Porém, uma análise cuidadosa do Novo Testamento mostra exatamente o oposto: os mandamentos morais de Deus, inclusive o sábado, são reafirmados, citados e ensinados por Cristo e pelos apóstolos como parte essencial da vida cristã.
1. CITAÇÕES DOS DEZ MANDAMENTOS NO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento não apresenta os Dez Mandamentos em uma única lista como em Êxodo 20, mas cita quase todos eles em diversas ocasiões e contextos.
Vamos ver alguns exemplos:
a) Romanos 13:8-10
“Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás... e qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Aqui Paulo cita diretamente os mandamentos da segunda tábua da Lei, e ainda afirma que qualquer outro mandamento (incluindo o sábado) deve ser entendido à luz do amor.
Ou seja, o amor não substitui os mandamentos — ele é a base e motivação para obedecê-los.
b) Efésios 6:1-3
“Honra teu pai e tua mãe — que é o primeiro mandamento com promessa...”
A citação do quinto mandamento demonstra que ele ainda estava em vigor na era cristã. E se esse mandamento permanece, por que o quarto seria abolido?
c) Mateus 19:17-19
Jesus disse ao jovem rico:
“Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos...”
E citou: não matarás, não adulterarás, não furtarás, honra teu pai e tua mãe...
Jesus confirmou a vigência da Lei Moral como caminho de vida eterna, e não disse em momento algum que ela seria revogada após a cruz.
2. ROMANOS 7:12 – A LEI É SANTA, JUSTA E BOA
“Assim, a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.”
Esse versículo é uma das maiores declarações de Paulo sobre a santidade da Lei de Deus. Ele escreve isso após a cruz, já vivendo sob a nova aliança, o que indica que a Lei (inclusive o sábado) não perdeu sua validade.
O sábado está entre os mandamentos santos e bons que devem ser guardados por amor e pela graça.
3. TIAGO 2:10-12 – QUEM QUEBRA UM MANDAMENTO, QUEBRA TODOS
“Porque qualquer que guardar toda a Lei, mas tropeçar em um só ponto, torna-se culpado de todos.”
Tiago reforça a unidade indivisível dos Dez Mandamentos. Não se pode quebrar apenas um e permanecer inocente.
Nos versos seguintes, ele cita os mandamentos:
“Não adulterarás”
“Não matarás”
Mas a conclusão do texto se aplica a toda a Lei Moral — inclusive o sábado. Assim, quem quebra o sábado, quebra toda a Lei.
Tiago ainda aconselha:
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela Lei da liberdade.” (v.12)
A Lei será usada no julgamento (Apocalipse 20:12). E o sábado está nessa Lei.
4. HEBREUS 4:4-9 – RESTA UM REPOUSO SABÁTICO
Este é um dos textos mais claros do Novo Testamento que mostra que a guarda sabática permanece para o povo de Deus:
“Porque em certo lugar disse assim do sétimo dia: E repousou Deus no sétimo dia de todas as suas obras.” (v.4)
“Portanto, resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus.” (v.9)
A palavra grega usada aqui para “repouso” é sabbatismos, e aparece apenas uma vez em todo o Novo Testamento.
Ela significa literalmente: “observância do sábado”.
O argumento do autor é:
Deus descansou no sétimo dia.
Israel não entrou em Seu descanso por causa da incredulidade.
Mas ainda permanece um repouso sabático para o povo de Deus.
E devemos nos esforçar para entrar nesse descanso (v.11).
Ou seja, há uma dimensão espiritual e literal do sábado que continua válida sob a nova aliança.
5. O SÁBADO UNE O CRIADOR, REDENTOR E SANTIFICADOR
O quarto mandamento é singular entre os dez, porque ele contém os três títulos fundamentais de Deus:
a) Deus como Criador – Êxodo 20:8-11
“Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra... e ao sétimo descansou...”
O sábado é um memorial da criação — um lembrete semanal de que somos criaturas e Deus é o Criador.
b) Deus como Redentor – Deuteronômio 5:12-15
“Lembra-te que foste servo na terra do Egito... e por isso o Senhor te ordenou que guardasses o sábado.”
Aqui, o sábado é relacionado com a redenção do povo. Ele nos lembra que Deus nos libertou da escravidão do pecado.
c) Deus como Santificador – Ezequiel 20:12
“...para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.”
O sábado é um sinal de santificação — a obra contínua de Deus em nos tornar semelhantes a Cristo.
Nenhum outro mandamento revela tão completamente o relacionamento do homem com Deus. Por isso, é alvo direto do ataque do inimigo e será o ponto central da crise final (Apocalipse 13 e 14).
CONCLUSÃO DA PARTE 4
O Novo Testamento não abole o sábado. Ao contrário:
Confirma a validade da Lei Moral.
Reafirma a natureza santa, justa e boa dos mandamentos.
Mostra Jesus e os apóstolos guardando o sábado.
Aponta para um descanso sabático futuro e eterno.
Usa o sábado como símbolo do povo de Deus no tempo do fim.
A guarda do sábado não é um resquício judaico. É um ato de fidelidade ao Criador, Redentor e Juiz de toda a Terra. É o selo da aliança eterna entre Deus e Seu povo. Negar ou alterar isso é rejeitar um dos mais preciosos tesouros dados à humanidade desde a criação.